segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Dificuldades com limites pode ser sintoma de transtorno de comportamento disruptivo



Dificuldades com limites pode ser sintoma de transtorno de comportamento disruptivo



Nos dias atuais é comum ouvir a queixa de crianças envolvendo dificuldade com limites. Caso seja algo isolado e passageiro, pode estar dentro na normalidade do desenvolvimento psicológico infantil.

O que muitos pais não sabem é que este sintoma pode mascarar um transtorno responsável por grande parte da procura por serviços psiquiátricos e psicológicos infantis.

Os comportamentos disruptivos se caracterizam, essencialmente, por um padrão de comportamento negativista, desafiador, impaciente, hostil e vingativo, frequentemente expresso por atos de teimosia e desobediência, pela dificuldade em assumir erros e pela intenção deliberada de agir para incomodar outras pessoas.

A categoria transtornos do comportamento disruptivo inclui o transtorno desafiador opositor e o transtorno de conduta. O último consiste em um padrão repetitivo e persistente de comportamento, no qual são violados os direitos básicos dos outros ou as normas ou regras sociais, como condutas agressivas ou perigo de lesões corporais, perdas ou danos ao patrimônio, defraudação ou furtos, sérias violações de regras. O transtorno desafiador opositor é menos severo, que envolve um padrão de comportamentos negativistas, hostis e desafiadores.

A abordagem Cognitivo-Comportamental tem se mostrado eficaz no tratamento dos transtornos disruptivos, mas especificamente os programas de treinamento de pais. Ele consiste em ensinar aos pais os determinantes do comportamento das crianças e oferece estratégias educativas, as quais são  reforço de condutas adequadas, técnicas disciplinares e envolvimento parental.

Estudos neuropsicológicos apontam também prejuízos relacionados a diferentes funções executivas, como atenção, flexibilidade cognitiva, julgamento, formação de objetivos, abstração, planejamento da sequência de comportamentos impulsivos ou inadequados e automonitoramento.

A criança que recebe o diagnóstico de transtorno desafiador opositor se não tratado tende a apresentar um risco aumentado para desenvolver o transtorno da conduta. Outro transtorno mental associado é o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

A psicoterapia Cognitivo-Comportamental, baseada em estudos empíricos e clínicos, mostra-se como uma possibilidade dinâmica, com foco na mudança de comportamento e a reestruturação cognitiva de pacientes. Ela enfatiza a aprendizagem, a inserção dos pais no processo de modificação do comportamento de seus filhos, incluindo o treinamento de habilidades sociais parentais.

É comum no início do tratamento os pais manifestarem sentimentos como vergonha e impotência. Verbalizações como “não sei mais o que fazer”, “ninguém mais pode com esta criança”, “acho que sou eu quem está precisando de ajuda” são bastante comuns. Como muitos sentem baixa autoestima e autoconfiança parental, a primeira tarefa no treinamento parental á ajudá-los a se sentirem fortalecidos e capazes para a tarefa. Outro objetivo é ampliar os repertórios afetivos dos pais em relação ao filho, apoio e firmeza em suas práticas educativas.

O senso comum postula que os problemas de comportamento das crianças estão relacionados à “falta de limites”, indicando que idéia de orientação familiar seria ensinar aos pais “dar” estes limites. Todavia, do ponto de vista cognitivo e comportamental, o “dar limites” refere-se ao estabelecimento de regras claras e adequadas e gerar contingências para que estas sejam cumpridas.

Assim, a criança é vista de maneira global, não só como indivíduo, mas também um ser de relações. Ao oferecermos treinamento aos pais estamos possibilitando também uma intervenção preventiva, favorecendo o reconhecimento dos fatores de risco, diminuindo as possibilidades do desenvolvimento de problemas de comportamento na infância e na adolescência.

Com isso se oferecem ferramentas de manejo parental, contribuindo para a qualidade de vida da criança e familiar.

Adiele M. S. Corso – Psicóloga CRP 08/8602

Nenhum comentário:

Postar um comentário